Aquáticas | Até 20 de Outubro
“Vinte anos de trabalho pesado, árduo labor, chegam enfim a produzir uma escultura leve, quase diáfana; vinte anos de embate cotidiano com a matéria terminam quase por imaterializá-la.”
Ronaldo Brito
Maria-Carmen Perlingeiro, artista carioca, residente em Genebra desde 1985, volta a São Paulo para apresentar a exposição Aquáticas, em que mostra quatro séries de esculturas, serigrafias e fotografias.

As esculturas, em alabastro e folha de ouro, fazem parte das séries mais recentes realizadas pela artista em seu atelier de Genebra e em Volterra, na Toscana, onde Maria-Carmen vai buscar as suas pedras.
A série inédita das Aquáticas é composta por baixos relevos, discos em alabastro gravados em ouro, em pares ou em trincas de formatos variados. Maria-Carmen também vai apresentar O mundo maravilhoso dos objetos flutuantes, 2002-2005, formada por 40 esculturas de alabastro suspensas por cabo de aço.

Uma outra versão dessa série foi apresentada em Volterra, sobre a água da Fonte di San Felice e em Paris no Espace Topographie de l’art, em novembro de 2005, no FRI-Art de Friburgo em fevereiro de 2006; no Paço Imperial, Rio de Janeiro em março de 2006, no Château de Nyon de maio 2006 a janeiro de 2007.
As suas múltiplas versões têm em comum a obsessão pela leveza e pela disponibilidade. Com seu título enganoso, seus sub-tons do universo imaginário da infância, a série é perfeitamente sincera – ela promete relativizar a gravidade, em todas as acepções do termo. Dentro desse espírito lúdico, a instalação eventualmente evoca um Morandi gigante, anti-gravitacional. (Ronaldo Brito, Fluida Escultura 2006).
Numa ambientação especial será mostrada a Maestà, obra inspirada na Maestà de Duccio di Buoninsegna de 1308, constituida por 42 discos de alabastro gravados com ouro.
Ignorando hierarquias, o trabalho de Maria-Carmen Perlingeiro consente desde uma releitura livre da Maestá de Duccio, do século XIV, releitura por assim dizer decomposicional, até divertidas alusões à linguagem corporal dos Piercings, sem que haja alterações significativas no tônus espiritual do trabalho. O seu humor poético permanece característico, a irradiar uma certa leveza, um certo frescor, com um toque de ironia. (Ronaldo Brito, Uma segunda pele 2006.)
Maria-Carmen expõe parte de sua obra gráfica dos anos 80, as serigrafias da série SI-LA-BOX e as serigrafias do Jogo do Bicho de 1977, bem como as 24 fotografias em preto e branco que compõem FRIGIDISSIMO CRUDELISSIMO.
Transparências | Até 24 de Outubro
Sob curadoria de Carlos Fajardo, o Gabinete de Arte Raquel Arnaud apresenta a exposição que reúne obras de artistas representados ou fazem parte do acervo da galeria, como José Resende, Silvia Mecozzi, Carmela Gross, Waltercio Caldas, Iole de Freitas, Nuno Ramos, Georgia Kryakakis, Carlito Carvalhosa, Mark MacDonnell e Carlos Fajardo.
O denominador comum das obras é a transparência dos materiais utilizados: vidro, parafina, acrílico, vinil, entre outros. O conjunto permeia um diálogo conceitual da contemporaneidade da arte brasileira.
Transparência em contraposição à opacidade tradicional da escultura; trabalhos que convidam o espectador a um relacionamento físico com as mesmas. Um deslocamento visual através da materialidade das obras expostas.
Transparências foi inaugurada ao mesmo tempo que a mostra Aquáticas de Maria-Carmen Perlingeiro e poderá ser vista pelo público até o dia 24 de outubro, de segunda a sexta-feira das 10h as 19h e aos sábados das 12h às 16h.
Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Rua Arthur Azevedo, 401. 05404-010. São Paulo. SP
Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 12h às 16h.
Fone: 11 3083-6322. acesso para deficientes.
Por Márcia Marques, do Canal Aberto.
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