SAPIRANGA CONVIDA LULA BARBOSA NO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

O cantor e compositor baiano SAPIRANGA apresenta seus convidados para uma bate-papo literomusical, com o objetivo de aproximar o público das riquezas culturais latino-americanas, promovendo um diálogo entre a Música e a Literatura.

Sapiranga Foto Adilson Nascimento

A série de eventos reunirá vários convidados especiais, falando, contando e cantando a cultura popular Latino-Americana, representando as tantas vertentes artísticas que compõem a nossa identidade cultural. As edições acontecerão de Maio à Dezembro de 2014 no auditório da Biblioteca Latino-Americana, do Memorial, sempre em uma quinta-feira de cada mês, às 19h30, com entrada franca.

Os convidados desta edição são, o compositor e cantor paulista Lula Barbosa. Conhecido nacionalmente pelas suas composições em parceria com nomes  Cesar Camargo Mariano, Eduardo Gudin, Fabio Junior, Mirian Mirah, entre outros. Com mais de 30 anos de carreira, Lula Barbosa também compõe jingles e trilhas sonoras.

Os cineastas, Rogério Che é formado em cinema pela Universidad National La Plata, é  diretor de fotografia de diversos filmes, curtas  e vídeo clips, premiados em  festivais brasileiros e internacionais. Pedro Gomes, é diretor de cinema, em 2008 fez seu primeiro clip como diretor, e  tempos depois estava viajando o mundo como super premiado Freestyle. Pedro, roterizou, dirigiu e produziu o curta Jornada de Herói, onde Rogério Che faz a direção de fotografia, o curta será exibido no evento.

O Anfitrião da noite é omúsico, poeta e pesquisador de cultura popular Sapiranga. Nascido na Zona da Mata baiana, esse ‘cantadô’ traz em sua bagagem mais de 10 anos de carreira, 3 álbuns autorais lançados e uma rica experiência adquirida com suas pesquisas por todo o Brasil.

O Quê?

Sapiranga ConVida Lula Barbosa, Rogério Che e Pedro.
Um encontro entre musica e literatura

Quando?


24 de maio de 2014 – Quinta-feira, 19h30.

Quanto?

ENTRADA FRANCA

Onde?

Biblioteca Latino-Americana – Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda / São Paulo-SP
Entrada – portões 2 ou 5 / Estacionamento (pago) – portões 4 ou 8
Informações via e-mail eventoscbeal@memorial.sp.gov.br e telefone 55 11 3823 4764.

Colaboração de Marina Machado

CASA DAS ROSAS — 11 A 16 DE MARÇO

CASA DAS ROSAS — 11 A 16 DE MARÇO

MACHADO DE ASSIS NO TEATRO

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS NO TEATRO COMMUNE

A Cia. de Artes interpreta no Teatro Commune um clássico da literatura, a obra MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS de Machado de Assis.

Sinopse

Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis, expõe de forma irônica os privilégios da elite da época. A obra é narrada em dois tempos: o tempo psicológico, sem seguir uma ordem temporal linear e o tempo cronológico, os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica. A força da obra está justamente nessas não-realizações do personagem título. A adaptação para o teatro mantém a estrutura da obra literária.

Ficha Técnica

Autor Machado de Assis
Adaptação Linei Hirsh e Záira Barbosa Alves
Direção Jair Aguiar
Preparação de Atores Márcio Tadeu
Iluminação Will Damas
Cenários/Figurinos Márcio Tadeu
Produção Cia. das Artes/ Produção Executiva Giullia Galli
Assistência Direção Henrique Marques / André Romin
Design Gráfico Jair Aguiar
Fotos Sérgio Massa
Elenco Antonio Netto • Isaac Medeiros • Alexandre Iagobucci • Samira Brito • Natália Borges • Carol Maziviero • Débora Ramos • Adriana Costa • Beatriz Nascimento • Cauê Alves • Denilson José • Diogo Seixas • Edivaldo Gomes • Eliriane Silva • Fernanda Freitas • Gabriella Oliveira • Ivanilde Gomes • Jéssica Renata • Leandro Marques • Luana Damiana • Glória Mmenezes • Michelle Chebra • Pâmela Neres • Pedro Naski • Priscila Beralda • Priscila Romin • Raphael Leopoldino • Simone Passos • Val Soares

O Quê?

Teatro: MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Duração: 60 minutos
Recomendação: livre

Quando?

Até 03 de Novembro de 2013.
Sábados às 19h e domingos às 18h.

Quanto?

Ingressos: R$ 20,00 (Promoção)

A bilheteria será aberta uma hora antes do espetáculo.
Lotação: 100 lugares

Onde?

Teatro Commune

Rua da Consolação, 1218 (mapa)
Telefone: (11) 3807-0792

Publicado por Darlene Carvalho

Colaboração de Daniele e Márcia Marques

FERNANDO PESSOA NO TEATRO — ÚLTIMO DIA!

ÚLTIMO DIA DE FERNANDO PESSOA!

Entrevista com Marcos Lemes após o penúltimo espetáculo da temporada de PESSOA, no dia 22/09/2013, no Espaço Cultural Pinho de Riga.  O ator falou sobre a carreira e o espetáculo que está em cartaz. Acompanhe!

Marcos Lemes. Foto: Bruno Di Turi

Darlene
Fale sobre sua carreira de ator.
Marcos:
Eu tenho muitos anos de carreira, Darlene. Sou ator e professor também, são carreiras paralelas. Dou aulas de teatro numa instituição de ensino superior onde não tem nenhuma faculdade de artes, é mais um projeto. Estou lá há bastante tempo, é bem bacana. Funciona, né! Pelo menos as pessoas têm uma experiência teatral. De vez em quando um ou outro se encanta e parte pra vida profissional. É bem legal!
Comecei a fazer teatro há 32 anos, eu tinha 14. Fui no Sérgio Cardoso ver um espetáculo. Entrei, assisti e quando terminou eu estava aplaudindo e já pensando “Vou fazer isso aí…”, e no dia seguinte já estava procurando o que iria fazer… Vi o espetáculo mais catorze vezes, ia ver como era a repetição, já tinha em mim uma sementinha. Eu observava: “Ah! Hoje eles fizeram diferente!” ou “Ah! Perdeu o tempo!” ou “Ah! Teve que improvisar porque deu algum pepino!” — Acho que algum instinto já estava aflorado.
Conheci uma galera lá em Santo André, num grupo de teatro amador, e comecei a fazer teatro com eles e me encontrei: “É isso aí! Gostei desse negócio, quero entender mais”. Fiz vários cursos de teatro, cursos livres, oficinas aqui e ali, procurava onde tinha oficina e gente reunida, ia ver todos os espetáculos que eu conseguia. Depois fiz faculdade de Artes Plásticas. Olha que diferença, né?

Darlene:
Que beleza!

Marcos:
Fui me especializar em teatro. Fiz pós em teatro, curso de direção teatral, mergulhei na parte acadêmica para entender mais os meandros da profissão e não pra ser um acadêmico. Nunca foi meu interesse ser um acadêmico de teatro. Meu negócio é o palco. Dirigindo, atuando, iluminando, meu negócio é o palco! E fiz um monte de espetáculos como ator, diretor, várias atribuições no meu currículo; e a Cia. Expressa nasceu em 1996. Faz um tempo, tem 18… 17 anos… Minha matemática não é muito… (risos) Nosso primeiro espetáculo foi esse “Pessoa” mas era uma outra versão, outra montagem, tudo diferente. Ficamos em cartaz durante seis meses em Santo André, dentro de uma livraria. Depois demos umas passeadas por aí, FUNARTE, interior de São Paulo; ficamos uns dois anos com o espetáculo.
A Cia. Expressa só trabalha com espetáculo solo. O objetivo é o trabalho de interpretação do ator, buscar o refinamento dessa atuação. Então, nem sempre estou em cena, às vezes estou dirigindo ou escrevendo ou outras coisas legais, mas só espetáculo solo.
A gente tem dois projetos engatilhados: Em pedaços, nesse eu escrevo e dirijo e o Emerson Santana atua. Contamos a história de dois serial killers brasileiros. Contamos ao mesmo tempo as duas histórias que vai sendo costurada pela narrativa de vivência do ator. E outro chamado “Glória”, vou fazer como ator e Valmir Martins é vai dirigir, é a história de uma prostituta que se identifica com a prostituição mas comete um erro, apaixona-se, e resolve romper com o amor. E as coisas que vão acontecendo são muito interessantes. Claro que não vou contar o final, obviamente, mas o objetivo dela é romper com o amor. Acontece numa boate, no último show que ela vai fazer, para oficializar o rompimento com o amor, um show para clientes e não-clientes dela… (risos) A gente está em pré-produção, espero que logo esteja nos palcos ou nas boates, sei lá…

Darlene:
Quero saber se houve dificuldade ou não no processo criativo do seu personagem. Fernando Pessoa é muito complexo, não é?

Marcos:
Ainda é um processo muito complicado fazer Fernando Pessoa, muita responsabilidade. Fazer um personagem histórico como ele, que viveu, que foi humano, não é um personagem de ficção, com o peso que ele tem tanto no meio acadêmico quanto para os amantes da literatura.
Dizer esses textos é um trabalho de refinamento da palavra que exige muito. Eu leio o texto todos os dias, repasso, pra não perder a palavra porque tem muitos detalhes e nuances durante o ensaio, a colocação da voz, do volume da voz. Essa proximidade do público é um projeto meu e do diretor do espetáculo, a fim de ter as pessoas bem parte para que possa ter o tratamento da palavra, pra não ficar extremamente eloqüente. Esse trabalho começou em Março e, ofício do ator, busco cada vez mais o refinamento do meu personagem Fernando Pessoa.
Por outro lado é uma descoberta incrível! Não só no espetáculo mas de mim mesmo, como ser humano que se vê na condição de ator, com um personagem que tem angústias, dúvidas, medos… “Eu também sou assim, eu também sou assim, eu também sou assim!” Começo a me perceber no espaço do humano e essa proximidade da platéia potencializa muito, o olhar, de vez em quando eu sinto as pessoas fazendo coisas (caretas, expressões deslumbradas)… Eu falei uma coisa e você fez… “Ãh!” (imitou o gesto, suspiro e expressão de surpresa)

Darlene:
É? (risos)

Marcos:
Achei incrível quando você fez “Ãh!” (imita de novo o gesto, suspiro e expressão de surpresa)!

Darlene:
Nossa! Tem hora que esqueço quem é ator, personagem e texto de tão envolvida que fico…

Marcos:
Mas é isso! Chegou! Chegou na pessoa! Na semana passada as pessoas começaram a chorar! Que legal saber que a peça tocou essas pessoas. Esse que é o grande barato, a troca do humano, eu, ator e platéia. Isso do processo é uma coisa deliciosa! Aquilo que a gente passou meses ensaiando, todos os dias pra não perder a palavra, cuidando de todos os detalhes, quando chega nas pessoas é… “Acho que tou no caminho certo!”

Darlene:
O texto d’O Livro Do Desassossego” é extremamente melancólico, angustiante, como foi pra você? Em algum momento esse drama te sufocou?

Marcos:
Pra mim é algo assim: tou lendo e… “Ah! Que incrível! Como é que alguém consegue colocar em palavras aquilo que a gente sente?” Porque, às vezes, você quer explicar alguma coisa pra alguém e não consegue! “Eu tou me sentindo… Ãh… Hum… (estrala os dedos) Assim meio… Assim! Não é? Aí o homem vai lá (som com a boca e gesto com as mãos como se estivesse escrevendo uma carta)… Aí você faz: “Ah! Caramba! Ele conseguiu colocar em palavras aquilo que eu estava pensando! Aquilo que eu sinto há tanto tempo, aquele nó no peito, colocou em palavras…! É incrível! Vou ler de novo. Vou ler de novo!” E fico lendo, lendo, lendo… N’O Livro Do Desassossego eu sempre faço assim, óh…(gesto de quem tá pegando um livro grande, pesado, para folhear) Abro em qualquer lugar, leio. Abro de novo, leio, leio… Eu não fico lendo numa sequência, nunca li dessa forma.

Darlene:
Pois é! Também não consigo ler o livro todo de uma vez, não é uma narrativa, é conteúdo passível de reflexão constante, outro ritmo.

Marcos:
Não é narrativa, não é ficção, tá em outra categoria! Às vezes, eu anoto assim: “402”, grudo o post-it no livro, pra voltar na passagem que quero repassar. Vou lá e… 402. “Ah! (suspiro surpreso e aliviado) Faz mais sentido ainda esse negócio!” porque eu já vivi um pouco mais, né?
Tem uma coisa do ator que é assim: você não fica julgando o personagem. Ao julgar o personagem você pode dar um tratamento moralizante pra ele. Uma vez ouvi da dona Fernanda Montenegro que nós, no ofício, precisamos ser amorais. Não é? Como é que eu vou dar juízo de valor? Pode-se dar um julgamento que, às vezes, limita o seu entendimento daquele personagem e o seu trabalho criativo com ele. Depois que ela falou essa frase, pra mim foi: “Nossa! Que incrível! Faz sentido.” Faz muito tempo que eu ouvi isso dela numa palestra. Tento levar isso adiante. Não fico julgando se é angustiante ou se não é, vejo de outra forma — que incrível! Que potência que ele tem! Como ele consegue traduzir — e tento copiar isso no processo de cena. O diretor, de vez em quando, fala assim: “Ah! Vamos pra uma cena nova, de um outro texto que não está no espetáculo, pra gente fazer um exercício!” Aí eu vou lá, levo a cena, faço e “Meu, vamos colocar isso no espetáculo, ficou tão bacana!”; duas cenas feitas no espetáculo de hoje são novas.

Darlene:
Legal! Então se a pessoa veio hoje e voltar no próximo domingo poderá ver algo diferente!

Marcos:
Pode ser! Domingo passado a gente já tinha as duas cenas, mas mudamos a maneira de fazê-las. Isso que é bom do processo criativo ininterrupto, né? Pra conseguir um amadurecimento… O teatro nos permite isso. O diálogo com as pessoas e suas reações vai trazendo pra gente material como fonte de pesquisa para continuarmos refinando, burilando; às vezes, num ensaio passamos só uma cena, sabe? Estamos trabalhando um texto que não é linear, não segue uma lógica de tempo e espaço, nada disso.

Darlene:
Bacana também é a linguagem. Acho que a pessoa não precisa ter lido Fernando Pessoa pra entender e apreciar o espetáculo, pode inclusive se apaixonar pelo autor…

Marcos:
Espero que sim, né? (risos) Um dos nossos objetivos é lidar com o humano que há em cada um a partir do texto do Fernando Pessoa. Nesse caso, não estamos fazendo um processo de reconstrução histórica da obra do Fernando Pessoa ou do escritor. Eu não entro em cena de óculos e chapéu! A gente trabalha com alguns elementos em cena que é pra trazer essa poesia que já está na obra dele. E hoje foi providencial, choveu antes de eu entrar em cena, entrei com o guarda-chuva e todo molhado.

Darlene:
Cheguei a pensar que vocês tinham uma tecnologia pra fazer chover! (risos)

Marcos:
Não, não… Foi São Pedro mesmo que colaborou com a peça hoje. (risos) Encaixou! (Risos. Nesse momento a entrevista virou uma conversa coletiva com todos no local, também ficaram em dúvida se estava chovendo de verdade ou se era recurso do espetáculo.) É muito engraçado porque no começo do processo o Sílvio Vieira, diretor, queria que começasse com chuva, nem que fosse chuva sonora, queria, queria, queria… Depois acabou distanciando disso e desencanou: “Acho que só o elemento, o guarda-chuva molhado, a mala toda molhada talvez funcione melhor, né?” e eu “Olha, você é o diretor! Se você quiser, a gente grava e faz!”, no fim optamos por não ter essa chuva. E hoje choveu. Gente, que bacana! Só tenho a agradecer! (risos)

Darlene:
(risos) Demais, demais! E sobre as angústias presentes no texto, também acha que são atemporais, tem muito a ver com a sociedade hoje? O cara é de 1800 mas…

Marcos:
Sim e o que eu acho bacana é, por exemplo: uma vez um jornalista me perguntou se eu achava que um texto escrito em 1800 chega nas pessoas hoje, respondi que chega porque é do humano, não tá falando de algo que é distante da gente, talvez tenha mudado o suporte ou a maneira das pessoas expressarem essa solidão, fico pensando… Eu tava num lugar, e observei todas as pessoas nesse lugar, sentadas, cada um com o seu celular. Muitas pessoas assim numa área de convivência, na praia! Ninguém conversava! Inclusive famílias! Eu também tenho o meu celular, acesso o Facebook, né? Não sou dependente e espero não ficar! Isso me faz pensar no teor da sua pergunta. Acho que só mudou o suporte porque a solidão continua. Penso que se o Fernando Pessoa vivesse hoje, teria um blog, facebook, twitter, teria vários perfis ! Todos os heterônimos seria um perfil pra ele poder se comunicar de maneiras diferentes. Quantas pessoas você conhece que tem fake? Ficam escrevendo lá como se fosse “A Gostosona”ou “Boy Magia” ou outra coisa!

Darlene:
Bancam um personagem! A liberdade que, às vezes, não encontram na vivência física, conseguem no ambiente cibernético. É um escape…

Marcos:
É, e assim, ele estudioso, literato, alfabetizado em inglês, português, francês, leu todos os clássicos da época dele, tinha uma bagagem cultural incrível! Acho que a condição humana é atemporal. Só acho mesmo que o suporte muda, que a tecnologia pode até acentuar alguma característica. Não sei se estou equivocado, mas acho que há algum tempo vivemos a era do individualismo, mesmo você tendo o botãozinho “compartilhar”. Aquele compartilhamento é outro e pode não existir. Este compartilhamento aqui, óh, esse que nos estamos empreendendo agora é efetivo. Somos forçados, empurrados, estimulados a ter esse tipo de comportamento pela mídia, publicidade, mercado, capitalismo, pelo trânsito; é uma selvageria!

Darlene:
E o coletivo permanece no discurso.

Marcos:
Penso que a gente vive uma selvageria individualista ou para o ápice do individualismo, de não pensar mais no outro… E o que a gente tem de tecnologia hoje talvez acentue essas características que são humanas e foram estimuladas pelo dia-a-dia massacrante que todo mundo vive, né?

Darlene:
E pensando no massacrante, na estimulação do consumismo, lembro que o Fernando Pessoa fala sobre o não ter nada, não ser nada, anulando o sentimento de posse com desprendimento muito grande, contraditório ao comportamento consumista de “preciso ter pra ser” e não de “ser pra ter ou não ter”…

Marcos:
Ah! Ser e ter hoje é cada vez mais estimulado, tudo colabora pro ser humano pensar no ter. Ter o quê? Objetos materiais na verdade! Coisas, muitas coisas, e ter coisas não garante um bom desenvolvimento humano, individual ou coletivo. Se eu já fiz, tá bom. Eu tenho, eu tenho, eu tenho… Sim, amigo, mas você é o quê mesmo? Ah! Eu sou… Talvez a pessoa diga “Ah! Eu sou [a profissão X]”, mas você não é sua profissão apenas, sua profissão talvez seja um dos meios de comunicação com os outros, pra mim, é o teatro, porque o teatro me aproxima e faz com que eu tente enxergar o outro, que promove o encontro real de “olho no olho” com o outro, não só em cena; mas nós somos mais que a nomenclatura, a profissão, senha de banco, quantidade de bens acumulados… Que no final das contas serve para o quê mesmo? Sempre me pergunto…

Darlene:
Talvez pra marcar território?

Marcos:
Que nem é tão seu assim, né? (risos)

Darlene:
Você tem preferência por algum dos heterônimos?

Marcos:
Não tenho preferência não. Cada um tem particularidades interessantes. E o Fernando Pessoa pela esquizofrenia, por tudo que a gente conhece dele, que se diz e que a gente vê pelas obras, tinha características muito diferentes para construir esses heterônimos. Caeiro é muito diferente do Campos, que é muito diferente de Bernardo Soares que nem cito no espetáculo, Ricardo Reis e vários outros que são mais conhecidos. Inclusive ele escreveu assinando como mulher. Não só Nelson Rodrigues! Nem sei se eu chamaria de heterônimo, mas escreveu com outros nomes outras coisas que ele fez. Por exemplo: ele teve um caso com uma menina, por aí dizem que ele nem encostou na moça, com muitas aspas no amor e tal, tem um livro que são as cartas de amor trocadas com ela. Chegou uma hora que ele parou de escrever como Fernando Pessoa e assumiu um dos heterônimos pra ela, porque ele não dava conta de dizer tudo o que queria apenas como Fernando Pessoa. Pra você ver até onde ia a esquizofrenia do moço, não era uma coisa leve… (risos) Muitos Valiuns, muita tarja preta! (risos) Ele é muito tarja preta. Eu não prefiro nenhum porque cada um deles têm características bacanas e diferentes. No espetáculo a gente não traz os heterônimos, traz o Fernando Pessoa falando sobre os heterônimos, sem trechos de nenhum heterônimo, e isso foi opção, não tem poema no espetáculo. Opções que escolhemos para aproximar mais o Fernando Pessoa do humano que havia nele do que na obra. A gente centrou nossas pesquisas na pessoa no Fernando. Tanto que a gente fica brincando com isso: Fernando e suas pessoas, porque ele, ele mesmo, não é só ele. E esse quadro depressivo dele nem chamaria de bipolar, mas de polipolar. Porque às vezes ele mesmo estivesse num nível de consciência e logo depois num outro nível de consciência, sem ser heterônimo. A gente usa isso no subtítulo do espetáculo. A gente tenta dar conta de um pedacinho, porque é muita coisa. Ele já é um universo, a obra dele então… Ainda hoje existem pesquisadores lá em Lisboa tentando decifrar escritos de Fernando Pessoa. Em nossa cenografia só tem folhas escritas porque ele escrevia compulsivamente em qualquer objeto, por isso escrevi em mim. Para a peça nem aprofundei tanto nos heterônimos. Pra fazer o personagem, o próprio Fernando Pessoa, a gente reuniu muito material e ainda tem muita coisa pra mexer, sabe?

Darlene:
Então não pode acabar domingo!

Marcos:
Não! Acaba a temporada aqui, no Pinho de Riga, a idéia é seguir com o espetáculo em vários lugares.

Darlene:
Ah! Que lindo! Parabéns pelo espetáculo e isso vai pro blog, com certeza!

Marcos:
Muito obrigado! Que bom! Fico feliz!

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O Quê?

Teatro: PESSOA — Um espetáculo sobre Fernando e suas pessoas

→ Mais detalhes sobre a peça aqui!

Quando?

Último dia de temporada!

Domingo, 29 de Setembro de 2013, às 19h.

Quanto?

R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)

Quer pagar metade e não tem carteirinha de estudante? Clique aqui e  saiba como fazer (via Facebook)!

Onde?

Espaço Cultural Pinho de Riga
Rua Conselheiro Ramalho, 599 – B. Bela Vista – SP/SP (mapa)
Telefone: [11] 3284-4391

Publicado por Darlene Carvalho

♥ Agradecimentos a Bruno Di Turi pelo apoio (vídeo/fotos),

Fabrício Antunes, Marcos Lemes e povo simpático do Pinho de Riga.

FERNANDO PESSOA NO TEATRO

Foto: Joca Carvalho

Foto: Joca Carvalho

Se você gosta de Fernando Pessoa não pode perder o espetáculo PESSOA da Companhia Expressa de Teatro, monólogo dramático com texto compilado a partir das notas de rodapé e apontamentos do LIVRO DO DESASSOSSEGO. Segundo o release, o texto não obedece ordem cronológica e foca no processo criativo do escritor através dos seus heterônimos.

Foto de Alberto Cataldi

Foto de Alberto Cataldi

Ficha Técnica
Texto: Fernando Pessoa
Atuação: Marcos Lemes
Direção: Silvio Vieira
Compilação de textos, Sonoplastia e Iluminação: Marcos Lemes
Fotografia de cena: Alberto Cataldi e Joca Carvalho
Assistente de Montagem: Paulo Sarri
Assistente de Produção: Fabricio Antunes
Produção: Companhia Expressa de Theatro

Curta a página no Facebook! www.facebook.com/PESSOAteatro

O Quê?

PESSOA – um espetáculo sobre Fernando e suas Pessoas
Duração: aproximadamente 45 minutos

Quando?


Todos os domingos de Setembro às 19h.

Quanto?

Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15,00 (meia-entrada) — pagamento em dinheiro.
Indicação Etária: 14 anos

Onde?

Espaço Cultural Pinho de Riga
Rua Conselheiro Ramalho, 599 – B. Bela Vista – SP/SP (mapa)
Telefone: [11] 3284-4391

Publicado por Darlene Carvalho

Colaboração/Release de Fabricio Antunes

LIVROS QUE VIRARAM FILMES

Até o final do mês de Dezembro a Biblioteca Pública Cora Coralina exibirá três filmes que surgiram a partir de obras literárias:

Percy Jackson e o Ladrão de Raios;

As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa;

Alice no País das Maravilhas (Tim Burton);

Todas as projeções têm suporte em DVD e são dubladas. Programação gratuita.

O Quê? Quando?

Mostra de Cinema: Livros Que Viraram Filmes

As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
Quarta-feira, 21 de Dezembro de 2011, às 10h.

Percy Jackson e o Ladrão de Raios
Quarta-feira, 21 de Dezembro de 2011, às 14h30.

Alice no País das Maravilhas
Quarta-feira, 28 de Dezembro de 2011, às 14h30.

Quanto?

Grátis.
Sala com 84 lugares.

Onde?

Biblioteca Cora Coralina
Endereço: Rua Otelo Augusto Ribeiro, 113 – Guaianazes – 08461-000 – São Paulo/ SP (mapa)
Telefone: (11) 2557-8004
Email: bmcoracoralina@yahoo.com.br

Por Darlene Carvalho
Colaboração de Ana Carolina, bibliotecária coordenadora.


O METROSSEXUAL NO BRASIL

Wilton Garcia, autor de Corpo, Mídia e representaçãoCorpo & Mediação – Ensaio e Reflexões, Corpo e subjetividade – Estudos Contemporâneos, entre outroslança no dia 10 de Novembro o livro “O Metrossexual no BrasilRealização de Factash Editora, Hagrado Edições e Livraria Martins Fontes.

Wilton Garcia → blog | twitter | flickr

O Quê?

Lançamento do livro: O Metrossexual no Brasil, de Wilton Garcia.

Quando?


10 de Novembro de 2011, quinta-feira, às 18h30.

Quanto?

Entrada franca.

Onde?

Livraria Martins Fontes

Av. Paulista, 509 – Loja 17 (piso superior) – Cerqueira César – São Paulo
Telefone: (11) 3266-4603
— Convênio com estacionamento Fac Park.

Por Darlene Carvalho

3º CICLO: PENSAMENTO ALEMÃO NO SÉCULO XX

O Goethe-Institut São Paulo promove o 3º Ciclo de palestras sobre o Pensamento Alemão no Século XX a partir da próxima segunda-feira, às 19h. O tema da 1ª palestra é instigante como toda a programação: Franz Kafka e o mundo sem saída”, com Modesto Carone.

Em São Paulo, poucos eventos acontecem às segundas-feiras. Se você gosta de boas discussões, literatura, filosofia, e tem disponibilidade na agenda para esse dia, não perca! Se tiver conta no Facebook, pode confirmar sua presença no evento aqui.

O Quê? Quando?

(Segundas-feiras, às 19h.)

19 de Setembro de 2011
FRANZ KAFKA E O MUNDO SEM SAÍDA
Modesto Carone

26 de Setembro de 2011
EXPRESSIONISMO ALEMÃO E OS NOVOS PARADIGMAS DA REPRESENTAÇÃO 
Claudia Valladão de Mattos

3 de Outubro de 2011*
BAUHAUS: VANGUARDA E CRISE DA METRÓPOLE
Luiz Recamán

KARLHEINZ STOCKHAUSEN: O FURACAO MUSICAL
Julio Medaglia 

10 de Outubro de 2011
ARNOLD SCHÖNBERG E A HEGEMONIA DO PENSADO
Flo Menezes

17 de Outubro de 2011
BERTOLT BRECHT: ARTE, POLÍTICA E REVOLUÇÃO
Sérgio de Carvalho 

24 de Outubro de 2011*
KARLHEINZ STOCKHAUSEN: O FURACAO MUSICAL
Julio Medaglia 

BAUHAUS: VANGUARDA E CRISE DA METRÓPOLE
Luiz Recamán

31 de Outubro de 2011
THOMAS MANN E O FAUSTO ARTISTA
Marcelo Backes 

7 de Novembro de 2011
JOSEPH BEUYS E O ABANDONO À ARTE
Fábio Cypriano 

21 de Novembro de 2011
 O CINEMA ALEMÃO E A EXPERIÊNCIA DO CHOQUE
Rubens Machado Jr. 

28 de Novembro de 2011
PINA BAUSCH: UM VENTO QUE MUDOU A PAISAGEM
Helena Katz 

Quanto?

Grátis.

Onde?

Goethe-Institut São Paulo (Curta a página no Facebook!)
Rua Lisboa, 974 – Pinheiros – São Paulo – SP

Atualização em 03/10/2011:

* Houve mudança na programação. Bauhaus seria no dia 03/10/2011 e O furacão musical seria no dia 24. 

Por Darlene Carvalho

A ÚLTIMA NOITE NA TAVERNA

Hoje é o último dia do ano de 2010 para a realização do Sarau do Centro da Terra que acontece numa taverna a poucos metros do Teatro do Centro da Terra. Esta taverna é parte do cenário da peça O Ilha do Tesouro, de autoria de Ricardo Karman, com cenografia de José de Anchieta e em cartaz desde 2005. O lugar comporta aproximadamente 40 pessoas.

O singular espaço, proporcionado pela Taverna, é o complemento ideal para um sarau cujo nome foi dado em homenagem ao livro homônimo de Álvares de Azevedo. Escritos em prosa, Noite na Taverna são contos macabros, com histórias de amor, lascívia e morte. Seus personagens são devassos que se apaixonam por mulheres perdidas ou virgens misteriosas que terminam por perder-se.

Poetas e simpatizantes estão convidados a recitar poesias, textos curtos e músicas de sua própria autoria ou escolhidas de um cardápio poético especialmente elaborado por Frederico Barbosa para essa ocasião.

A duração é de 1h15, com início sempre às 20h30. A taverna funcionará de verdade e os convidados serão recebidos pelo anfitrião Ricardo Karman acompanhado pelo músico e doutor em comunicação e semiótica Sergio Basbaum.

A entrada é gratuita, sujeita à lotação do espaço.

O Quê?

Noites na Taverna — Sarau do Centro da Terra

Quando?

Dia 24 de Novembro de 2010, quarta-feira, às 20h30.

Duração: 01h30.

Quanto?

Entrada Franca. Espaço para aproximadamente 40 pessoas.

Onde?

TEATRO CENTRO DA TERRA
Rua Piracuama, 19 – Sumaré – São Paulo – SP (mapa)
Tel/Fax: +55 (11) 36751595
Email: teatro@centrodaterra.com.br

Por Darlene Carvalho (Release do Teatro Centro da Terra)

SEGUNDA-FEIRA POÉTICA

Nessa segunda-feira, 15 de Março, você não pode perder o evento gratuito do Sesc Consolação: um recital poético performático e musical para lançamento do projeto V DE VERSO com uma sequência interessante de oficinas literárias. Curadoria e participação de Chacal e Fábio Malavoglia.

“… os jovens poetas, em geral, ou escrevem ou interpretam bem seus poemas, difícil é juntar as duas coisas…” (Chacal — poeta, compositor e produtor cultural carioca)

“Esta observação do  Chacal deu origem ao projeto que o Sesc Consolação realiza apartir de Abril. Esta é justamente a idéia de V DE VERSO: investir na expressão e performance poética utilizando, eventualmente, outras linguagens que apóiem o texto falado.” (Fragmento do release do folder de divulgação do Sesc Consolação)

Confira aqui o restante da programação de oficinas do Projeto V de Verso aqui.

O quê?

Projeto V de Verso – Recital de poesia

Participantes: Chacal, Fábio Malavoglia, Fabiano Calixto, Ademir Assunção, Bárbara Malavoglia, Fernanda D’umbra, Marcelo Montenegro, Pedro Vicente, Rui Mascarenhas e Roberta Estrela D’alva.

*Não recomendado para menores de 14 anos.

Quando?


Segunda-feira, 15 de Março de 2010, às 19h30.

Quanto?

Grátis

Onde?

SESC CONSOLAÇÃO — Área de Convivência
Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque – São Paulo – SP – CEP 01222-020.
Telefone: (11) 3234-3000 / Fax: 11 3256-2223
Twitter: http://twitter.com/sescconsolacao

Por Darlene Carvalho